INTRODUÇÃO
21/12/2012
Estudei em colégio de freiras. Tinha aulas de catecismo, fiz primeira comunhão vestida de "noivinha", rezava o terço, ia à Missa todos os domingos... pacote completo.
Gostava das aulas em que descreviam a viagem que Maria grávida, montada num burrico puxado por José, fizeram pelo deserto da Judeia, quando eles saíram de Nazaré e foram até Belém, para serem recenseados. Gostava também do nascimento de Jesus, em Belém. Como não conseguiram lugar em nenhuma hospedaria, Maria e José se abrigaram numa gruta, onde Maria deu a luz. No local, havia uma manjedoura onde o recém nascido foi colocado, envolto em panos. Gostava da estrela que guiou os reis magos, gostava dos pastores e dos anjos que cantaram aleluias.
Depois, o menino cresceu e me ensinou que para viver em paz é preciso amar também os inimigos, por mais difícil que isso possa parecer. Eu também cresci, a vida seguiu e eu segui gostando de tudo isso até hoje.
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Pois bem. Um dia, um amigo que sabe que eu costumo fazer longas caminhadas, me passou um e-mail do Siraj Center, uma instituição palestina que promove caminhadas de Nazaré até Belém, atravessando o deserto de Negev (chamado de deserto da Judéia, nos tempos bíblicos). O caminho se chama "Natividade" e tem o objetivo de tornar mais conhecida a Palestina, sua cultura e seu povo.
Eu me interessei imediatamente por essa nova aventura. Entrei em contato com o Siraj Center e manifestei meu interesse em atravessar o deserto e chegar em Belém na véspera do Natal. Eles disseram que para programar a caminhada era preciso que houvesse no mínimo cinco pessoas. Então eu me empenhei em arranjar quatro peregrinos (as) para ir comigo. Arranjei bem mais. Fizemos algumas reuniões e eu estava animadíssima.
No entanto, no dia sete de dezembro de dois mil e doze, durante uma operação militar realizada por Israel, houve um bombardeio e morreram mais de cento e setenta palestinos. Todos os meus amigos peregrinos desistiram de caminhar pela Palestina. Eu não desisti.
Entrei novamente em contato com os organizadores e eles disseram que havia um grupo de italianos que já tinha confirmado a caminhada para essa época. Mandei e-mail para os italianos e eles disseram: "Yes, you are wellcome! Si, sarai il benvenuto!" Enfim!
Assim começou a minha grande aventura em terras palestinas, no dia vinte e um de dezembro de dois mil e doze. Vale lembrar que o Calendário Maia previu que o mundo ia acabar nesse dia. Tempos depois, Hollywood fez um filme devidamente catastrófico sobre isso.
Eu não me importei com o fim do mundo. Fui feliz para a Palestina, pronta para caminhar o caminho de Maria e José.
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