O MOTORISTA DE TAXI
O gringo
desce do ônibus, na rodoviária da pequena cidade do interior de São Paulo. Olha
em volta. Sol a pino, tudo parado, empoeirado. Chama a atenção dos populares.
Alto, porte atlético, terno claro e gravata, maleta de couro, tudo fora de moda,
mas combina com êle. Procura por um taxi.
- Fábrica de chapéus, por favor! – Fala com sotaque
carregado.
O motorista
olha intrigado. – “Quem será? O que será que êle quer na fábrica?” – segue
pensando enquanto dirige. Para na porta da velha fábrica, recém reformada.
- Espere aqui, por favor! Wait here, please!
O motorista
estaciona o carro pensando – “O quê esse gringo veio fazer aqui?” – Olha
curioso para a maleta, no banco de trás. - "O jeito é esperar pra ver"- dá de ombros
e se ajeita no banco, para uma soneca.
Acorda com o gringo entrando no carro. Agora
êle está de chapéu e carrega um grande pacote.
- Loja de artesanato de couro! – diz o gringo, retorcendo a
língua para se fazer entender – Please!
Cada vez
mais intrigado, o motorista vai até a rua principal da cidade e estaciona em
frente à loja. O gringo, sem tirar o chapéu, entra na loja. Cada vez mais
curioso, o motorista resolve segui-lo. Coloca a maleta e o pacote no porta
malas e entra na loja.
No fundo da
loja há uma estante na qual estão colocadas várias latas, algumas empilhadas e
outras separadas, em prateleiras altas. Do outro lado, fica um balcão cheio de
chicotes. Muitos chicotes, alguns grandes, outros nem tanto, de couro liso, de
couro trançado, com empunhadeiras simples ou trabalhadas... muitos modelos de
chicotes!
O gringo
escolhe um chicote, mira uma das latinhas e com um movimento ágil e certeiro
derruba a latinha! Depois escolhe outro chicote e outra latinha. Chicoteia
várias vezes e acerta todas! Tudo sem tirar o chapéu. Enfim escolhe um bem
grande, com empunhadeira lisa. Compra vários, todos iguais!
- “Caramba! O gringo é bom nisso! Mas não tem cara de
boiadeiro... o que será que êle vai fazer com tantos chicotes, e com tantos
chapéus?” – pensa o motorista enquanto dirige de volta para a rodoviária.
O gringo
cochila no banco de trás, com o rosto coberto pelo chapéu novo. Pega o primeiro
ônibus de volta pra São Paulo, sempre despertando a curiosidade de todos.
O motorista, feliz com a gorda gorjeta e cheio
de interrogações na cabeça, vai pra casa no fim do dia, imaginando como contar
o “causo” para a esposa, quando passa pelo cinema e vê o cartaz:
Hoje! “Indiana Jones e os Caçadores da Arca
Perdida” Sessões às 16 e as 20 horas.
- Era êle! Estava fazendo compras para o próximo filme!
***
Lição de casa: Escolher um heroi cinematogáfico e escrever uma história de suspense com esse heroi, revelando seu nome só no fim.
Voce já pode dizer eu li na tela da
Eulina
Voce já pode dizer eu li na tela da
Eulina
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