quarta-feira, 18 de março de 2015
Vivências
17/03/15
Tenho minha área de limpeza. Talvez, devido à minha idade avançada, me deram uma área fácil: a lavanderia e o corredor da lavanderia. Eu limpo tudo direitinho e rapidinho. Aí, vem a encarregada do grupo da limpeza e diz:
- Well, this is clean. So you have time to clean the terrace too...
- Sheet! - penso, mas não digo. Fui limpar o terraço.
Tem um gringo hóspede sentado lá, tomando chá. Hóspedes não limpam. Só alunos limpam.
- Hello, Lina are you cleanning?
- Não, sou uma bruxa treinando para voar com a vassoura! - penso, mas não digo. Dou um sorriso amarelo.
- Yes!
E ele continua sentado tomando chá, enquanto eu varro o chão. Fico imaginando como se sente uma empregada doméstica.
Quando acabo a limpeza, vou colocar a vassoura no lugar e passo pelo salão principal. Vejo a diretora da escola varrendo o salão.Me sinto reconfortada. Democracia!
***
Os feijões que plantei já estão todos com um cabinho e duas lindas folhinhas bem verdes! Por enquanto, estão no "berçário", mas estamos preparando a "cama" deles. A cama é o canteiro onde serão plantados, junto com brócolis, pimentão, tomate, etc., tudo junto e misturado. Cada planta absorve um tipo de nutriente do solo. Se enchemos o canteiro com uma única planta, o solo se esgota e teremos desperdiçado todos os outros nutrientes. (espero que eu tenha entendido bem; se não é isso, é alguma coisa parecida). Mas se plantamos várias especies de plantas, vamos aproveitar todo o potencial do solo. Alem disso, na natureza não existem canteiros de uma só coisa. Tudo cresce junto e misturado.
Preparar a cama significa colocar uma camada de terra, outra de esterco, outra de papel, outra de folhas secas, tudo como se fosse uma lasanha. A cama fica preparada assim por alguns dias e depois podemos tirar as mudinhas do berçário, e replantá-las na cama. Depois, espalhamos mais uma camada de esterco, com cuidado para não cobrir as mudinhas e finalmente cobrimos com mais um montão de folhas, desta vez verdes.
Esse é um trabalho que "never finish" segundo a professora. Depois da colheita, começa tudo de novo.
Quando comemos uma feijoada, ou uma salada de alface, nem desconfiamos o trabalho que dá. Adoro essas aulas!
***
Aqui existe um grande pássaro muito branco, com pernas e pescoço comprido, Bem bonito. É só olhar para qualquer janela, que vemos uns dois ou três. Parece uma seriema. A seriema do Caribe.
Outro dia, havia um trator preparando uma área para o plantio. Imagino que seja de milho.
O Trator rasgava a terra e todas as seriemas brancas que ficam espalhadas pelos arredores seguiam o trator! Muito engraçado!
- Why? - pergunto.
- Because the worms appear!
Que coisa, que cena, o trator amarelo rasgando a terra negra e seriemas brancas atrás
comendo minhocas!
***
Aula de História. A ilha de são Vicente foi descoberta por colombo no dia de São Vicente. Mas Colombo nunca esteve aqui. Estava navegando, avistou uma ilha ao longe e perguntou:
- Que dia é hoje?
- Dia de São Vicente!
- Então aquela vai ser a ilha de São Vicente.
Foi assim que o professor vicentiano começou a aula. Depois contou que a ilha foi ocupada pelos ingleses, depois pelos franceses, depois devolvida aos ingleses, tudo num extremo e cruel desrespeito com os nativos. Desde o "descobrimento" até o século 19, os povos nativos foram sendo expulsos de suas terras e tiveram sua cultura destruída. Enquanto isso, chegavam inúmeros navios negreiros, cheios de escravos. As raças foram se misturando e chegaram à população atual, chamada de garifuna, que é basicamente descendente de índios e negros. Houve também miscegenação com indianos e portugueses. Eu não entendi bem porque, mas eles também vieram pra cá.
Fomos a Kingstown ver um museu. Bem pobre, com fotos e algumas peças de argila, ferramentas primitivas, tambores, roupas usadas em rituais religiosos, tudo muito arrumadinho, mas bem pobrinho. Tivemos uma aula chata com um músico garifuna e outra mais chata ainda com uma especialista em ervas medicinais.
Apesar de toda a chatice, deu pra ter uma idéia sobre a origem dos vicentianos e sua sobrevivente cultura. Deu pra ver o quanto sofreram e o quanto foram explorados pelos colonizadores.
Ah! Ia me esquecendo! Os rastafaris, tão numerosos, são o resultado da religiosidade indiana, misturada com a cultura garifuna, se é que eu entendi, do muito pouco que foi explicado. Já o tamanho dos cabelos, ninguem explicou. É assim e pronto.
***
Pulei de novo! Desta vez, do penhasco mais alto! Nem eu acredito nessa façanha!
Mas o mais perigoso não é pular. É sair da água. Para sair, temos que subir pelas pedras, conseguir achar as pedras certas, durante o intervalo das ondas. Quando as ondas vem, a gente tem que ficar quietinha agarrada em alguma saliência que nos suporte. E assim vamos, subindo devagarinho, até chegar na trilha. É dificil, perigoso. Mas eu consegui!
Voce já pode dizer eu li na tela da
Eulina
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Sempre muito interessante.
ResponderExcluirSempre muito interessante.
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