sábado, 28 de fevereiro de 2015

PRIMEIROS DIAS


                                                                                                                          27/02/15

            O primeiro dia foi 22/15, domingo. Cheguei no sábado mais ou menos à meia noite, fui recebida pelo Rafael e pela Fabiana, brasileiros que trabalham aqui, falei português, conheci meu quarto e desmaiei na cama. Estava exausta.   

           Nos domingos, o café da manhã é as 9h., e não às sete como todos os outros dias. Rafael e Fabiana vão ás cachoeiras e me convidam. Vou com eles. Uma boa caminhada, por pastos onde ficam alguns cavalos e vacas, plantações de banana e viveiro de plantas, tudo muito bem cuidado, depois entramos em trilhas, no meio do mato. Mato mesmo, igual à Mata Atlântica, mesmo tipo de vegetação, mato subindo a serra  (eu nunca sei direito a diferença entre morro, montanha, monte, serra, colina... ). Vou usar serra, porque a Mata Atlântica sobe a serra do Mar. Então acho que esta subida pode ser uma serra também. 

            E vamos andando, primeiro entre mangueiras enormes, pés de mamona gigante, varios tipos de palmeiras, mamão papaia que parece palmeira e está florido! Mas, a medida  em que subimos,  a vegetação muda, eu não conheço mais as arvores, mas são muito parecidas às do Brasil. Subimos, subimos, atravessamos uma ponte de bambu, subimos uma escada de pedra e chegamos à primeira cachoeira! Bem alta, Bonita, eu fico olhando, enquanto o Rafael entra... fico criando coragem, Quando ele sai, e diz que a água não é geladíssima como as cachoeiras brasileiras, eu acabo de criar  coragem!
           Que delicia!!! A água batendo forte nas minhas costas, escorrendo pelo corpo, o barulho explodindo nos ouvidos!!! Gostoso!!! Subimos mais um pouco e chegamos em outra cachoeira. Mais larga e mais baixa. Entro nessa também. Maravilha!!!
          Viva Yara, Yemanjá, Janaina, Nossa Senhora da Conceição da Praia!!! Viva!!!

            Depois, caminhamos até Chatobelair, que é o vilarejo mais próximo. Durante o caminho, chuviscou e fez sol algumas vezes,  Cidadezinha de praia. Algumas casas mais ricas, com arquitetura inglesa e o restante bem pobre. Chegamos ao único restaurante da cidade. Está fechado. Dizem que só abre quando tem sol e turistas de barco. Rafael vai até uma lojinha próxima, compra salgadinhos, pão, queijo. O dono do restaurante deixa que façamos nosso lanche numa das mesas e nos serve coca cola (detesto coca cola, mas cerveja é proibido para os alunos). A chuva aperta e eu me encanto com a praia de areia negra. Muito vento, as areias negras se misturam com a espuma branca do mar, que fica cinzenta. Estranho! Parece um filme em branco e preto!

          Caminhamos de volta para a escola, e chegamos quase na hora da janta. O primeiro dia, não Podia ser melhor!
                                             Richmond Vale Academy - RVA  (arviei)

            É uma grande fazenda, em cima de um monte, rodeada por pastos, arvores frutíferas, plantações, horta, viveiro de plantas. Descemos por caminhos e trilhas, até a praia, que tem areias finíssimas, gostosas de pisar, porém negras. É exótico. Me contaram que todas as praias da ilha tem areias negras, por causa do vulcão, com exceção dos lugares onde ficam os resorts, que tem praias particulares com areia branca importada da Guiana... que coisa!

            Mas, voltemos à RVA. Arquitetura moderna, com grandes pavilhões envidraçados e rodeados de varandas e jardins. Bem bonito!
            No pavilhão principal,  fica a entrada. È um grande salão comunitário, no qual são feitas as refeições e acredito que é onde devem acontecer as aulas. De um dos lados, ficam os escritórios e de outro a cozinha. Em volta de um jardim interno, ficam pavilhões com grandes e largos corredores envidraçados, com escrivaninhas de alvenaria e portas para os quartos. Os quartos tem duas camas, uma das camas é suspensa, como a parte alta de um beliche, e em baixo fica uma estante. No meu quarto, essa cama não tem colchão. Existe ainda um outro pavilhão que funciona como hotel para hóspedes. Acho que essa é a maior fonte de renda da RVA.

            Os quartos dos alunos, funcionários, e hóspedes são todos iguais. Não sei se o dos professores é igual também. Em cada pavilhão existem dois banheiros, com chuveiro de água fria.  Só tem um chuveiro de água quente. Parece pouco, mas nunca  vi os chuveiros  ocupados. Mas devo considerar que só os brasileiros são vidrados em banho. E somos só tres. Um chuveiro de água quente é mais do que suficiente. além disso, a água fria, não é tão fria assim. Nem a da cachoeira era.

            Os serviços de limpeza e arrumação e cozinha são feitos por todos. Existe um quacro de avisos, com a escala de serviços. Os professores e diretores da escola também participam da escala. Eu vou começar a participar em março. Por enquanto, estou de folga total. Tenho feito caminhadas pelos arredores, vou à praia, fico um tempão de papo pro ar olhando as núvens... Me lembro da infância, na chácaara do meu avô e na fazenda do meu tio. Só que chove mais, venta mais e as nuvens mudam de forma mais depressa.Um carneirinho vira um carneirão, bem depressa e depois chove,.. uma lagarticha vira um crocodilo, depois um dragão, depois chove. E assim, o tempo passa.

             Eu de folga, vejo todos muito atarefados. Não me dão explicação nenhuma, Fico solta. Pergunto coisas pra Rafael e Fabiana, mas eles parecem não saber muito além do que está na escala de tarefas. Eu acho tudo um pouco misterioso e estou ansiosa pelo começo das aulas. Chega de folga.

            O que fica claro pra mim é que aqui é um lugar de estudo e trabalho. É tudo sério. As pessoas são sérias, discutem questões, debatem temas. Acho muito racionais. Sério demais, poderia ser um convento. Sei lá, não quero formar opiniões prematuras, mas estranho muito não poder tomar nem uma cervejinha...  Principalmente não ouvir nem uma piada... a descontração do Brasil faz falta!
        
                                                      Suspense

              Ontem Rafael sumiu! Não apareceu no café da manhã, nem no almoço e nem na janta! Perguntei para algumas pessoas, ninguem tinha visto, nem sabia onde ele estava, nem o que poderia ter acontecido. Nem Fabiana. Mas Fabiana disse que ele é assim mesmo. Some de vez em quando.
              Mas... hoje, quem sumiu foi a Fabiana. Não apareceu no café da manhã, nem no almoço. Fui ao seu quarto duas vezes, bati na porta e... nada.  Agora, é depois do almoço, vamos ver se no  jantar, eles aparecem.
              Este é um cenário perfeito para uma história de Agatha Christie não? Se o tema for o sumiço de brasileiros, eu serei a próxima!

            Voce já pode dizer eu li na tela da
                                                                        Eulina
          

            

                                          












    

2 comentários:

  1. Eu estou amando e invejando suas postagens super interessantes.

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  2. Eu estou amando e invejando suas postagens super interessantes.

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