sexta-feira, 13 de novembro de 2015








                                                      PESSOAS & PAISES



                             Depois dos "reflections meetings", o saldo foi o seguinte: Nadhia foi embora. Não aguentou ser tratada como criança. As colombianas estão sob fogo cerrado e falam que quando acabarem o projeto delas, vão voltar para a Colombia. E eu, contando com o apoio de todos os estudantes, fui deixada em paz.  A minha equipe, que no início tinha dez pessoas, agora só tem quatro. E se as colombianas forem embora, eu fico só.
                             E eu estou  sendo bem paparicada, inclusive pela diretora e pelo professor vegano. Fui autorizada a fazer minhas lições por email, sem usar o sistema "on line". Então, sem  pressão,   consegui fazer meus vinte e cinco "homeworks", escrever em inglês para o blog da  RVA, fazer sabão, fazer geléia,  cuidar da minha área de limpeza, ajudar na horta e me dedicar ao meu passatempo predileto que é observar pessoas.
                             A oportunidade de conviver com pessoas de muitos países, executando tarefas em conjunto, é fantástica! É uma fonte inesgotável de curiosidades culturais.
                             Os vincentianos se cumprimentam com a mão direita fechada, em forma de soco. O soco é dirigido à mão direita do amigo cumprimentado e depois, coloca-se a mão ainda fechada em cima do coração. Os rastafaris são vegetarianos. No máximo, comem peixe, de vez em quando. Eles acham que o cabelo conserva força e energia, por isso não cortam.
                             Temos um alemão de 18 anos e um dinamarques de 20. Segundo as fofocas das mulheres, são os genros que toda mãe gostaria de ter! Me lembram meu neto! Eu gostaria de ter dois netos assim!
                             Os dois jordanianos são super legais, compridos, magrelos cabeludos, barbudos  e sempre de bom humor! Um deles estava jogando futebol outro dia e me lembrou o Sócrates. Corria com as pernas duras, todo desengonçado. Agora cortou o cabelo feito moicano, mas quando visto de frente, lembra o Ronaldo Fenômeno na copa de 2002. É o meu colega favorito. Esse grupo, tem ainda uma  doce jordaniana bem magrinha, um americano bem legal com cara de mexicano,  uma mexicana, sensível artista plastica e uma norueguesa bem bonita e super divertida. Eles estão no curso de dezoito meses. Vão passar seis meses em  Belize ou Ecuador, trabalhar em comunidades, e depois voltam para mais seis meses aqui.
                             As tres colombianas eram quatro. Uma descobriu que estava grávida na primeira semana e "se fue" de volta para Bogotá. As outras são muito jovens, muito falantes, muito dançantes, pensam só no projeto delas e nas melhores maneiras de fugir à noite para ir dançar nas festas. Simpáticas, alegres e cansativas. Esse é o meu grupo agora. as colombianas e eu. Estamos nos últimos dois meses.
                             Aqui faz tanto calor, que todo mundo toma banho. Mas os europeus... não sei o que acontece com eles. Às vezes é difícil sentar perto. Já, os vincentianos são sempre cheirosos. Até o rasta, com seu cabelão.
                             As duas brasileiras que estavam aqui foram embora. Rosi e Nadhia. Ambas vieram porque queriam aprender inglês. Aprenderam a falar,  porque não tinha jeito, mas não sabem escrever. E aprenderam um monte de outras coisas que não queriam. Rosi foi para São Francisco, trabalhar num hostal, em troca de hospedagem e matriculou-se numa escola de inglês. E Nadhia não aguentou a pressão. Arranjou um namorado e está num hotel, enquanto resolve pra onde vai. Eu fiquei sem ninguém pra conversar em português.
                             Mas não por muito tempo. Chegou uma brasileira pra trabalhar no escritório. Baiana, "mórena" e como toda baiana que se preze, extrovertida e falante. E um casal gracinha, ele alemão e ela colombiana. Ambos foram para o Brasil, ele pra fazer trabalho voluntário e ela pra estudar. Em Sta. Catarina se conheceram e começaram a namorar em português. Já estão juntos há dois anos e sempre falam português entre eles. Ele toca violão e ela pandeiro. Cantam músicas brasileiras. Então, tenho companhia pra falar português.
                               O sudanês, é engenheiro agrônomo. Chegou faz duas semanas e já vai embora. Disse que o chefe dele na empresa onde trabalha no Sudão, o quer de volta.
                                Temos ainda um americano,  "rapper" que faz versos de tudo. Ele  disse que é skatista e está aqui porque quer mudar radicalmente de vida. E a equatoriana também está aqui porque quer mudar de vida, quer por um fim definitivo num romance. A vincentiana que veio do Canadá, quer aprender a viver e trabalhar numa fazenda, porque pretende viver aqui. Talvez numa fazenda.
             
                                O professor vegano, teve uma gripe, uma febre, emagreceu muito e resolveu ir embora pra Colombia. Ele não estava feliz aqui. Eu fui me despedir dele. Nós brigamos muito e eu não queria que ele fosse embora bravo comigo. Enfim, fizemos as pazes.

                                A polonesa e a italiana voltaram de Belize, ficaram mais seis meses e foram embora. Eu tenho saudade delas. E um mês atrás voltou um dinamarquês, de Belize. Vai ficar aqui por mais cinco meses.  A chilena e a eslava foram pro Ecuador, no mes passado. E eu ainda troco mensagens com a chinesinha, minha neta adotiva e com a italiana, também adotada como filha.
                                 A hora da refeição é sempre animada. Falam-se muitas línguas, mas todos se entendem mesmo é em inglês. Todos, menos eu, que sou capaz de falar e escrever razoavelmente, mas entendo tudo por alto, acho que pego o sentido das coisas (ou não). Fico igual aquelas pessoas que só riem das piadas, horas depois. Quando eu consigo entender um assunto, eles já estão em outro. Participar de uma conversa com muita gente, é quase impossível.  Mas com poucas pessoas, até quatro, ou cinco, se eles pronunciam bem, dá pra conversar. O problema é  quando engolem palavras. Sei lá... talvez eu esteja ficando surda ou burra... mas, de repente, à noite sozinha no meu quarto, eu acabo entendendo uma frase! Antes tarde do que nunca!
                                   
                                                            ***

                                     Estou com muita saudade de tudo do Brasil! Estou com a sensação de que todo mundo me esqueceu! Please, se tem alguem da familia, ou amigo que lê o que eu escrevo, por favor, diga alguma coisa, estou carente! Meu email é lilinacintra@hotmail.com.

                                      Voce já pode dizer eu li na tela da
                                                                                           Eulina
                           












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