domingo, 12 de janeiro de 2020

                       

                                PISCINA E CORREDORES

          A piscina fica no décimo primeiro andar. Vou tentar descrever, mas é indescritível. É dividida em três. Uma para crianças, rodeada de esculturas azuis que parecem pirulitos gigantes e uns esguichos direcionados para o centro, sempre cheia de crianças "gritantes e pulantes". além disso, tem uma piscina rasa, outra mais funda e um ofurô, ou algo parecido.
           Em volta, fica um deck, num plano mais alto. Esse é o lugar mais alto do navio. Fica cheio de senhoras, cheias de roupas, sacolas, óculos e cremes, tomando sol em espreguiçadeiras.
            Numa das pontas está um restaurante e na outra fica um bar. Em frente ao bar acontecem as danças, as ginásticas aeróbicas, as aulas de alongamento.
            O mais interessante de tudo são as pessoas. As mulheres da terceira idade, com biquínis que mal escondem os peitões e as bundonas rebolantes, as avós assanhadas dançando com os netos, as grandes famílias dançando em conjunto, numa profusão de pelancas e celulites... eu me incluo na categoria pelanca, e também fui levada por um recreador, (não sei se é esse o nome), mas são jovens que trabalham no navio e tem como missão não deixar ninguém em paz. Dancei um pouco e descobri a enorme diferença entre fazer exercícios dentro e fora d'agua. Com saudade da hidroginástica e suando por todos os poros, parei de dançar e fui tomar uma cerveja.
           Eu amo observar pessoas. Logo me cansei do exercício, sentei numa cadeira com minha cerveja e fiquei olhando aquela pequena multidão dançando freneticamente ao som de sucessos como Macarena, Despacito, Ai se eu te pego... Eles estavam felizes e eu fui contagiada, acabei desistindo da cadeira e fui dançar também... E todos nós dançamos felizes, conforme a música.

                                                     ***
            Noite calma. O navio não balançou. Chegamos pela manhã em Itajaí. Desembarcamos às dez horas e fomos para a Praia Brava, que realmente faz jus ao nome. Mar cheio de correnteza, ondas furiosas. Muito bonita. Ficamos tostando ao sol depois almoçamos num restaurante em frente. Tudo ótimo. Voltamos para o barco e tiramos uma soneca enquanto esperamos a hora do jantar.
                                                       ***
              Andamos pelo barco. Corredores enormes que interligam os ambientes e as lojas, de tal maneira que sempre que queremos ir a algum lugar, temos que passar por alguma loja. Os corredores são assimétricos, e a numeração das cabines e dos ambientes é truncada, seguindo uma sequência que me parece incompreensível. Então é comum as pessoas ficarem zanzando de um corredor para o outro, de uma loja para outra, sem saber direito onde estão, nem pra onde vão. É o mesmo critério arquitetônico dos shopping centers, programado para as pessoas serem atraídas pelas lojas e comprarem o máximo de coisas. Chego à conclusão de que o navio é um grande shopping center navegante.

                Tudo acarpetado e espelhado! Vamos nos duplicando, triplicando até o infinito por quase todos os lugares em que,passamos. Muitos padrões de tapetes. Muitas salas "lounges", com sofás enormes, espelhadas até o teto, mesinhas e cadeiras feitas para tomar um café ou um drink sempre perto de alguma loja.
E os corredores... quilômetros de corredores!  Eu nunca sei qual direção tomar, sempre ando o dobro, até achar o quarto. A única certeza é a de que sempre há uma loja por perto.
           
                Você já pode dizer eu li na tela da
                                                                  Eulina
           
         

Nenhum comentário:

Postar um comentário