sexta-feira, 22 de março de 2013

Jerusalém - Avaliação - Ultimo dia

                                                                                                                        

                                                         ÚLTIMO JANTAR DO GRUPO

                                                                                                                                          1/1/13


     Ultimo jantar dos italianos. Eles discutem muito. Estão empolgados, falam todos ao mesmo tempo.  Estão avaliando o comportamento dos palestinos e em especial o de Nidal.  Ai, como eu queria entender tudo! Mas tenho que me conformar com a tradução de Silvério para o inglês.

      Num determinado momento, Gianfranco fala que está reavaliando sua opinião a respeito de tudo. Os outros se calam para ouvi-lo. Se é que entendo bem, ele cita uma complicada operação eletrônica com suas fotos e filmes, sobre a qual ele teve que pedir ajuda a Nidal e surpreendeu-se com a potência do "celular" dele, capaz de fazer e receber ligações em pleno deserto, em locais que nenhum dos outros aparelhos tinha sinal... Não entendo o que isso pode significar, mas concordo quando Gianfranco diz que em virtude do episódio da cerveja, se deu conta de quanto a atitude do guia foi ditatorial e revela que vai reexaminar todas as situações, a partir dessa ótica.
     Todos ficam quietos. Eu olho bem para seus rostos. Estão todos pensando no assunto. Ai, como eu queria entender...  De minha parte, concordo com Gianfranco. Não sei se os outros notaram, mas eu vi o brilho de aço nos olhos de Nidal. Fiquei assustada.

     Depois, passamos às despedidas. Troca de emails, abraços, Silverio vai escrever um livro e fazer um filme para a TV italiana. Me prometeu um exemplar do livro, para o qual eu contribuí com uma frase, que estou ansiosa para ver impressa numa folha em branco. Gianfranco e os outros me prometeram fotografias.

     Aqui, devo explicar que, no primeiro dia, a bolsinha onde eu carregava minha câmera soltou-se do cinto, perdeu-se e eu não pude tirar nenhuma foto. Por isso não há fotos neste blog. Que lástima! Mas conto com as fotos dos italianos.

     Amanhã, os italianos vão embora bem cedo. Não vou vê-los mais. E eu tenho mais um dia para passear em Jerusalém.



                                                            MEU ÚLTIMO DIA

                                                                                                                                 2/1/13

      Acordo cedo, tomo café e vou para a cidade velha.  Quero andar ao léu. Olhar muito. Olhar tudo, tentar entender. Ah! E comprar uns presentinhos.Gastar os meus shekels. Mas é muito cedo, as lojas ainda não abriram. Eu me sento numa praça e olho os turistas. Os turistas italianos são os mais numerosos. Depois, vem os africanos, vestidos com suas roupas bizarras e turbantes na cabeça. Eles falam inglês com os vendedores e uma língua indecifrável entre si. Que coisa, nunca havia imaginado turistas africanos!
     Não vi nenhum grupo de brasileiros. E nenhum brasileiro avulso. Acho que todos ficaram com medo da guerra...

     Pronto. As lojas abriram. Os vendedores são muito, muito, muito insistentes. Eu preciso fugir deles quando não quero comprar. E na maioria das vezes só quero olhar. Eles nos abordam, falando em todas as línguas, até notarem um brilho nos olhos do possível comprador. Aí eles descobrem que língua falar e não param mais. No começo é divertido, depois, cansa. Vendedores poliglotas.
     Quando vamos comprar, é preciso pechinchar. O preço despenca, com uma boa pechinchada. Os africanos são mestres. Fico um tempão numa loja observando os africanos negociarem suas compras. Encheram sacolas e sacolas de compras. Sempre pagando a metade do preço inicial. Entro em outras lojas e observo grupos de outros países. Europeus são mais arrogantes, americanos mascam chiclete, latino-americanos fazem mais barulho, mas todos  pechincham e compram.

     São 11 horas. Eu já comprei tudo o que queria. Tudo coube na minha bolsa vermelha.  Já tomei suco de romã, vou andar num caminho em cima do muro. Katia e Giacomo andaram ontem e disseram que é muito bonito. Me perco nos becos e vielas. Acho um colégio de judeuzinhos (entre 8 e 10 anos), com calças pretas, camisa branca e cabelinho de molinha, todos jogando futebol, numa quadra poliesportiva!  E o restante dos alunos, todos com uniformes escolares pretos, é lógico, sentados num grande banco que fica  em volta da quadra, torcendo acaloradamente! Um baratinho!

    Mais becos e vielas, chego à escada que sobe às muralhas. Katia e Giacomo tem razão. A vista é realmente linda!
    Depois de um belo passeio pela muralha, estou com fome. Desço e procuro um  restaurante. Ando pelas ruas observando tudo, sentindo todos os cheiros, entrando nas lojas de roupas, nos mercados de frutas e verduras, nas lojas de bijuterias e joias... enfim olho, olho, bisbilhoto bem... e não compro nada. Gosto de fazer isso. Satisfazer minha curiosidade. Ver o que o povo come, o que veste, como se comportam numa loja, como os vendedores atendem.

     Fora da zona de turistas, é tudo muito mais  normal. Os vendedores não ficam atormentando os fregueses. e é bem interessante ver lojas com roupas femininas compridas com um monte de lenços para cobrir os cabelos. Vi uma mulher experimentando um casaco comprido com vários lenços, para escolher o que combinava mais, falando animadamente com uma acompanhante e com a vendedora.
     Em uma loja de cosméticos, comprei um cajal, desses que vem numa embalagem com rosca. Depois que tinha pago, já na rua, verifico que a rosca não funciona. A ponta do cajal não cresce quando giro a base da embalagem. Volto à loja, o vendedor me diz que é assim mesmo, que depois que eu usar a ponta vai sair. O inglês dele não é muito bom, mas deu pra entender. Concluo que ele me acha otária. Respondo que não acredito e que quero devolver a mercadoria e receber meu dinheiro de volta. Ele faz cara bem feia, mas concorda. Os direitos do consumidor foram respeitados. Pelo menos desta vez.

     Já são quase quatro horas. Ainda não almocei e daqui a pouco vai escurecer. Escolho uma lanchonete. Fast food árabe, se é que se pode falar assim. Peço um espetinho de carne, com batatas fritas. O cardápio tem fotos das comidas, senão eu não conseguiria entender nada. Sento numa mesa e fico esperando. A food não é tão fast. Aproveito para ver como as pessoas se comportam.
     Verifico ma coisa interessante: nas mesas onde há mulheres com lenço na cabeça, não há homens. Só crianças. Nas mesas onde há homens com gorros ou pano Arafat, não há mulheres. Nas mesas que tem homens e mulheres, estão ambos com a cabeça descoberta e vestes ocidentais. Fico rememorando todos os outros restaurantes que vi, e não me lembro de nenhum onde houvesse uma família, com homens de gorro e mulheres de lenço. E me lembro também, das familias muçulmanas, em que as mulheres não se sentam a mesa com os maridos. Será que dá pra concluir que nos restaurantes também é assim? Se a familia sai pra jantar fora, os homens e as mulheres se sentam em mesas separadas? Ou a familia nunca sai junta pra jantar fora?

     Acabo de comer, já são quase seis horas. Passo num camelô, compro meis um saquinho de faláfels, tomo mais um suco de romã, como todas as tâmaras de um saquinho, e vou para o hotel arrumar as malas.

     Voce já pode dizer: Eu li na tela da
                                                                Eulina
   
 
   
                                                                                                               
 

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