domingo, 20 de janeiro de 2013

Nazaré

                                        
                                                             

                                                           CHEGADA  EM NAZARÉ


                                                                                                                               22/12/12
     Depois de aproximadamente duas horas de viagem por uma auto estrada, durante as quais eu vi, além de palmeiras e oliveiras, várias cidades, todas igualmente feias, com o mesmo tipo de predinhos, eu cochilei. Acordei com o trânsito encalacrado, barulhento, cheio de buzinas, num anda e para parecido a Av. Marginal do Pinheiros.

 Olho em volta, estamos subindo uma ladeira enorme, cheia de curvas, numa rua estreita, com lojas de ambos os lados, e lojas  com mercadorias penduradas no teto, expostas na calçada, lixo acumulado  nos cantos, muita gente, tudo muito parecido com bairros da periferia de Sampa.
    Trânsito infernal. São aproximadamente quatro e meia da tarde, já está escurecendo. O ônibus sobe penosamente, desviando de buracos, de gente, de lixo, de carros na contra mão... até que chega no alto da ladeira, onde há um portão. O ônibus para. Chegamos. Só agora que me toquei. Estou em Nazaré!

     O portão dá para um pátio, com chão de pedras, e uma árvore enorme no centro. O pátio fica no meio de uma construção antiga, que parece um convento. É o hotel. Enorme, pé direito bem alto, paredes com pinturas, estátuas pelos cantos. Arvore de Natal e guirlandas. Recebo a chave do meu quarto e descubro que tenho uma companheira de quarto. Uma alemã, que vai caminhar conosco. Simpática, fala um inglês tão pobre quanto o meu, mas suficiente para nos comunicarmos. Seu nome é Andrea. ela conta que tinha um grupo que desistiu por causa da guerra, então ela veio sozinha. Que nem eu! Ficamos amigas instantaneamente
.
    Depois do banho e de arrumar minhas coisas, fomos jantar. Na mesa, comecei a conhecer os italianos. Dois casais:  Silverio e Gloria, Gianfranco e Donata e os desacompanhados, Antonia, Francesca, Chiara, Katia e Giacomo. Todos falantes. Muito falantes. Silverio é o lider. Eu gostaria de entender mais italiano, para participar da conversa. Mas alguns deles falam inglês, e me traduzem. Eu gostei deles. Espero que tenham gostado de mim também.

    Depois do jantar, Andrea  foi me mostrar o hotel. Ela chegou ontem, já está mais familiarizada com o lugar. Disse que parte dessa construção funciona como escola e me levou até uma sala de aula. Os livros escritos naquelas letras, todos de trás pra diante... é esquisito. Num canto, havia cartazes na parede, com pinturas sobre Maria, José e o menino Jesus e em baixo, em cima de  uma mesinha estava um livrinho com uma foto de um jogador de futebol, com a camisa  da Seleção Brasileira na capa! Folheei o livro. É um catecismo, tem figuras que contam a história de Jesus. Afinal, estamos na terra dele... mas por que a foto do jogador na capa? Ai, que vontade de entender aquelas letras! A Andrea também achou estranho, também não entendeu nada. Quando ela se vira para outro lado, eu cometo um pecado. Roubo o livro, escondo em baixo da minha jaqueta. Está aqui do meu lado agora. Continua ininteligível. Acho que nunca vou conseguir decifrar esse mistério...

     Voltamos para o quarto. Tem um terraço no quarto! Temos uma vista panorâmica de Nazaré by night. É bonita e barulhenta. Ouvimos uns tambores, que Andrea ouviu ontem e também não soube explicar, ouvimos as buzinas do trânsito encalacrado, sinos tocando nas igrejas, corais cantando, e os cânticos dos muçulmanos chamando para as orações da noite. Será que é assim todos os dias ou só na época do Natal?
     Antes de dormir, converso com Andrea. Descubro que ela tem um ótimo senso de humor. Damos boas risadas.
     Durmo feliz.
                                                            Voce já pode dizer Eu li na tela da
                                                                                                                     Eulina
                                               

Um comentário:

  1. Continuo aqui, curtindo e rememorando a viagem que fiz por essas bandas. Não estive em Nazaré, mas andei por outros lugares reconhecíveis em suas palavras.

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