segunda-feira, 31 de agosto de 2015





                                             MOMENTOS


                   Sixia, a chinezinha foi embora. Terminaram seus seis meses. Se eu tivesse ficado aqui desde março, estaria indo embora também. Como naquela turma só havia tres alunas, e duas foram embora, Sixia ficou sozinha. Primeiro integrou uma turma de vincentianos, que fizeram o curso de um mês. Depois, passou a fazer parte do grupo dos doze meses, que já estava no final. Quando o grupo dos doze meses acabou, Sixia trocou de grupo novamente. E finalmente, começou o nosso grupo de seis meses e ela se uniu a nós. Então, passou por todos os grupos.
                  Era querida de todos. E eu me espantei de ver o quanto tinha crescido e amadurecido durante esse tempo em que fiquei em São Paulo. Ela que quase não falava, era toda tímida, toda encabulada, não tinha muitas opiniões sobre as coisas, estava super falante, cheia de idéias, cheia de opiniões,  querida de todos. Uma mudança impressionante.
                  Em março, ela não sabia nadar, não tinha coragem de tirar a roupa! Entrava no mar de bermuda e top de ginástica, mesmo com o maiô por baixo. Dizia que na China, ficar bronzeada é feio e que as chinesas se banham de roupa pra não tomar sol.
                  Agora,  usa um biquini bem pequenininho e está toda moreninha. Aprendeu a nadar e teve coragem de pular do penhasco de cinco metros. Ainda tinha medo de pular dos sete metros.
                  Combinei de pular junto com ela dos sete metros. De mãos dadas. Subimos o penhasco, olhamos a água azul, lá em baixo... nos demos as mãos, não pensamos muito, contamos um, dois tres... e pulamos.
                 As mãos se soltaram logo, mas  o importante era ter a coragem de pular! E ela teve! Venceu o medo! Ela teria vencido de qualquer maneira, mas foi muito bom ter participado desse momento!
                Um pescador filmou pra nós.  Uma bela lembrança.

                                                                   ***

                  Ontem foi noite de lua cheia! Lua enorme, lindíssima prateando o mar do Caribe.
                  Durante toda a tarde, houve um movimento incomum na cozinha. Era a preparação de "snacks" (petiscos), para um piquenique noturno. Tivemos petiscos chilenos, colombianos,  um biscoito feito pelo indiano, pipoca e limonada. O professor vegano e o inglês foram antes, para acender uma fogueira. Nós fomos depois, sem usar lanternas, só com a luz da lua, carregando as vasilhas com as comidas. Chegamos na praia e a fogueira já estava acesa. Deixamos a comida perto do fogo e fomos nadar...
                   Delícia! Delícia! Delícia! A água às vezes morna, às vezes gelada, A lua enorme. Quando passava uma núvem, e a lua escurecia, ficavámos procurando planctuns...  Abençoado mar do Caribe, abençoada lua, estrelas, amigos, fogueira... tudo!
                   Saímos da água e nos sentamos em volta da fogueira, enquanto comíamos os petiscos. O professor venezuelano e sua namorada sueca tocaram violão e cantaram.  Quando sabíamos as canções, cantávamos junto. Tudo perfeito!

                                                                   ***

                   Todos os alunos tem um projeto. As colombianas tem um filtro para purificação de águas servidas. O indiano tem um projeto de mapear o pomar e colocar placas em cada árvore explicando suas qualidades.  Nadhia e eu temos um projeto de fazer sabão orgânico.
                  Para fazer o sabão, primeiro pesquisamos receitas caseiras no Google, pedimos a parentes que nos enviem receitas, já fomos duas vezes a Kingstown, comprar produtos e falar com pessoas. Enfrentamos todo o calor e confusão da cidade, Suamos por todos os poros,
                 Fizemos tres experiências, em vão. Estávamos quase desistindo, quando nosso professor pesquisou em inglês, no Google e nos trouxe uma receita nova de sabão em barra. E nós, por nossa conta, achamos outra receita de sabão líquido. Fizemos as duas, quase na base do olhômetro. E... não é que parece que vai dar certo? Fizemos os dois, agora eles tem de descansar e depois vamos finalizar.
                   Estamos esperançosas.

                                                                    ***                                                            

                    Gringos comem de boca aberta. Falam de boca cheia. Pegam a comida com as mãos e depois lambem todos os dedos. Afe!
                     Sei que não devia generalizar, mas latino americanos e vincentianos (pelo menos os que estão aqui), são muito mais bem educados.
                     A cozinheira que faz todas as comidas, traz marmita de casa.
                     A gente janta às seis da tarde. Ainda está claro. Às  oito da noite, temos a impressão de que são onze. Às onze, parece duas horas da manhã. Que coisa!
                     Como faz calor! Eu durmo às nove horas da noite, acabo acordando às quatro e meia... mesmo nessa hora, tenho que manter o ventilador ligado... as poucas vezes que desliguei, o quarto virou um forno!


                      Voce já pode dizer eu li na tela da
                                                                              Eulina

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