segunda-feira, 20 de julho de 2015




                                                           MAIS   COISAS


                  Esta noite, tive um sonho. Eu estava numa espécie de arena, com arquibancadas lotadas de gente e  havia um touro. O problema é que eu estava dentro da arena. Eu e o touro. O touro e eu. Eu paralisada de medo, como muitas vezes acontece  nos meus sonhos. O touro bufando e esfregando a pata dianteira no chão. O touro chegando perto cada vez mais perto. Eu grudada no chão. Ele cada vez mais perto... eu cada vez mais apavorada.. mais e mais...
                   De repente, surge um japonês, todo forte, todo musculoso, com cara de lutador de judô, Só que baixinho. Ele sai do meio da multidão, vem correndo na minha direção e, antes que o touro chegue, ele me abraça por detrás, me levanta do chão e me carrega. Corre abraçado comigo  me carregando. O touro vem, ele desvia.  O touro vem de novo, ele desvia de novo. E assim vamos indo, na direção à um  local, onde o touro não nos alcança. Subimos alguns degraus, quero dizer, ele sobe eu vou carregada.  Enfim, ele me coloca no chão. Aterrizo contente!  Estamos salvos!  Eu estou salva!  Aqui, o touro não chega!  Graças ao meu herói!  Quero conhecê-lo, abraçá-lo, perguntar, agradecer... Mas onde ele está?  Sumiu!  Sumiu!
                    Acordei com uma sensação ótima de segurança, de apoio, de confiança... bom sonho!
                    Acho que sonhei com meu anjo da guarda, Que deve estar descansando até agora, de tanto trabalho que eu dou...
                                                                         ***

                    Ha dois dias, houve um terremoto, por volta das 11:30 da manhã. Eu não notei. Ainda bem. As colombianas sentiram. Acho que elas tem prática nisso.

                                                         Plantando  bananeiras

                     Na subida do morro, perto do prédio do hotel, há um terreno, com árvores enormes, infestadas de formigas grandes, bundudas e cor de caramelo. Serão saúvas? A diretora da escola se informou a respeito e recusou-se a fazer tratamento com pesticidas. Optou por cortar as árvores no tronco, conservando a parte sã, e depois de tratar o solo, serão plantadas bananeiras orgânicas, no local.
                     Pois bem. Foram contratados trabalhadores para usar a serra elétrica e derrubar as árvores. E o resto do serviço de limpeza, foi feito pelos alunos e professores da RVA.  Em dois dias de muito, muito sol.
                     Foi terrível!
                     Todos nós, espalhados pelo terreno, juntando galhos, troncos serrados, evitando tropeçar nos tocos de madeira, fazendo pilhas de folhas, pilhas de toras de troncos e pilhas de galhos. carregando coisas, pra lá e pra cá, desviando das arvores, quando elas despencavam, tentando não ser picados  pelos insetos...   Trabalho pesado, muito sol, barulho da serra elétrica, barulho da máquina fazedora da cavacos... Como sofrem as pessoas que trabalham no campo!
                    Voces se lembram da novela Av. Brasil, que se passava num lixão? A imagem era essa. Pessoas vestidas com muitas roupas e as mais esquisitas que se pode imaginar, chapéus, lenços, luvas, para não tomar sol e nem se arranhar ou sofrer picadas de insetos, andando pelo monte de restos de árvore, catando coisas (no caso, galhos, folhas, gravetos tudo; só não juntamos as toras) e levando  para o trator picador, que faz cavacos de madeira, igual  máquina de picar papel em escritórios.
                  Todo mundo suando em bicas.  Eu transpiro muito, fico com a camisa molhada, seria muito sexy se não fossem os meus 72 anos!  Vários (eu inclusive) tem queda de pressão, vão pra sombra, ficam um pouquinho, até voltar ao normal, em seguida, voltam para o campo de batalha! Depois do almoço, muitos não voltaram. Eu fui a primeira a desistir. Dei o bom ou mau exemplo, como queiram. E fiquei feliz de ver que tive seguidores. Se alguém reclamar, eu boto a boca no trombone e digo que esse trabalho feito assim, a essa hora com esse sol, é desumano!
                  Afinal,  tenho fama de encrenqueira e sou advogada, pra quê?
                  Sobrevivi. E com exceção de um espinho no dedão da mão esquerda, escapei sã e salva!
Entendi o sonho com meu anjo da guarda.  Agradeço mais uma vez os seus inestimáveis préstimos. Mas desta vez, ele não estava só. Teve a companhia de todos os anjos de todos os alunos e professores que participaram da operação, pois não aconteceu nada grave.  Agradeço a todos!                                                                    
                                                                     ***
                   Milo, o cão enorme, vive querendo brincar com o filhote, bem magrinho  da Camila, a gata mais magrinha ainda.  Eles, os diretores dizem que gatos são caçadores e por isso não devem ser alimentados pelos humanos. Devem aprender a caçar. Eu acho cruel. A gatinha sempre viveu aqui e recebeu comida. Agora resolvem que ela deve caçar?
                  O filhote é bravinho, arreganha os dentinhos e dá patadas no ar. Aí a gata vem defender a cria.  Arreganha os dentes também.  Milo desiste.  Fica tudo em paz. Vimos essa cena várias vezes por dia.  Mas hoje... deram a gata.  Fiquei triste.  Dizem que foi para uma boa família, que vai cuidar bem dela. Tomara! O gatinho ficou órfão, tadinho.

                                                                     ***  
                  As colombianas estão aqui em virtude de um acordo firmado entre a universidade colombiana em que estudam e a RVA.  Elas tem um projeto de filtragem de água poluída e vieram desenvolver o trabalho. O projeto vale créditos para a graduação. Já estão aqui há três semanas e, até agora, não tem professor nenhum para orientá-las. E ainda tem que fazer um monte de trabalhos para o curso regular, participar da limpeza geral, tomar banho frio e suportar goteiras no quarto!                           Ficaram furiosas. Fotografaram as goteiras, os banheiros entupidos, os colchões estragados e escreveram um email para a universidade delas, mostrando a situação.  Depois disso, e de uma reunião de duas horas de "democracia aplicada", na qual todo mundo aproveitou para reclamar de tudo, resolveram  trocar os quartos com goteiras e os colchões mofados.  Estamos esperando para ver se vão consertar tudo, como disseram.  A "democrática" reunião serviu para minimizar as reclamações das colombianas, Mas elas ainda não tem um professor capaz de dar a orientação que necessitam para desenvolver o seu projeto. Agora, não sei como vai ser, porque a líder delas ficou grávida e voltou para a Colômbia.
                 Eu acho que elas tem toda a razão de reclamar. Estou disposta a lhes dar todo o apoio.


                 Voces já podem dizer eu li na tela da
                                                                                Eulina

                 Por favor, comentem no lilinacintra@hotmail.com ou no lina.cintra@gmail.com!
                 Eu sinto falta dos comentários!

                                                                   













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