quinta-feira, 13 de outubro de 2022

 

                                                   JOANESBURGO E HOEDSPRUIT

Quando saí de Maputo, tomei um avião para Joannesburgo, de onde iria para Hoedspruit, uma cidadezinha que fica a duas horas de carro do projeto Daktari. 

Joanesburgo é uma grande cidade. Eu não conheci. Apenas passei por ela. O aeroporto se chama Tambo Airport, em homenagem a Tambo, o primeiro advogado negro da África do Sul. Era amigo de Mandela. Logo que saímos do avião, nos deparamos com uma bela estátua dele, que parece saudar os recém chegados. Como cheguei num dia e ia partir no outro, fui direto para o hotel, de onde não saí. Fiquei escrevendo, contando minhas aventuras em Moçambique. Tirei fotos do jardim do hotel. Estava bem florido E foi só.

                                                                             ***

Hoedspruit me pareceu um entroncamento de estradas. Por isso se tornou um centro turístico, com lojinhas e restaurantes. O motorista do Daktari me levou para lá, ao término da minha estadia no projeto. Eu cheguei num sábado e o motorista me levou até o hotel. Eu me acomodei no hotel, e fui para o centrinho. Surpresa! A casa de câmbio não tinha dinheiro! Como assim, a casa de câmbio de um centro turístico não tem dinheiro?

Entrei numa das lojinhas e testei meu cartão do BB. Funcionou! Ainda bem. Fiz algumas comprinhas e voltei para o hotel. Descansei, tomei banho e me dirigi novamente ao centro comercial. Susto! Tudo fechado! Como pode uma cidade turística fechar completamente num sábado à tarde? Parecia uma cidade fantasma. Só dois restaurantes abertos. Entrei num deles e pedi um frango “take away” e uma cerveja. Demorou um montão. Quando a comida ficou pronta, já estava escuro. Eu queria voltar para o hotel.

Mas...quem disse que eu achei o caminho? Ai Jesus! Perdidaça nesta cidade fantasma! Meu Anjo da Guarda, me acuda! Não quero ter que dormir na rua... Andei, andei, mas sem saber que direção tomar… eu me perdia cada vez mais. Então, entrei no outro restaurante que estava aberto.  Uma mocinha simpática veio me atender. Expliquei que estava perdida. Ela deu risada de mim, telefonou para alguém e disse que ia levar uma “old lady” para o hotel.

Old lady, eu? Posso ser uma coroa, uma velhinha, uma velhota assanhada… mas old lady? Que chique!

 A mocinha simpática consultou o celular e, após apenas cinco minutos de caminhada, chegamos na rua Girafa, onde era o meu hotel! Agradeci muito, e enquanto ela dizia "you are wellcome" eu disse que ia rezar por ela… lembrei da minha mãe que sempre dizia isso. Achei que era uma fala adequada para "old lady". Enfim, foi essa a minha aventura do dia.

O Mandela deve se revirar no túmulo. Pela manhã quando o comércio estava aberto, havia muitos africanos do sul, nos restaurantes, nas lojas, todos loiros, altos de olhos azuis. Depois que tudo fechou, à tarde, quando eu voltei para passear, a cidade estava cheia de negros também africanos do sul. A segregação não é oficial, mas persiste.  Neste caso, com hora marcada. Que pena!

Domingo, na cidade fantasma. Tudo fechado. Que coisa! No meu hotel também a recepção estava fechada. Ai Jesus, preciso de "transfer" amanhã para o aeroporto! Como conseguir isso? Fui para o centro turístico novamente, na esperança de encontrar alguma coisa ou alguém que pudesse me informar… e nada. Voltei para o hotel, dei uma volta completa no prédio da recepção e achei uma porta aberta. Bati na porta e veio uma senhora. Expliquei que precisava de "transfer" para o aeroporto no dia seguinte e ela disse que me levaria, para eu não me preocupar. Bastava eu chegar de mala e cuia, às dez horas da manhã que ela me levaria. 

No dia seguinte, às dez horas, eu estava lá de mala e cuia, mas não tinha ninguém! Ai Jesus! E agora? Procurei novamente uma porta aberta, bati palmas e apareceu um rapaz, que telefonou para a senhora Joan. Depois de alguns minutos ao telefone, ele me informou que ela viria logo. Sentei no degrau da escada e esperei uma eternidade… até ela chegar. Enfim, a Sra. Joan chegou às onze horas, cheia de explicações, que eu não entendi e nem me preocupei em responder. Eu estava mesmo muito aflita.  Coloquei minhas coisas no carro e ela saiu desabalada até o aeroporto. Deu tempo pra tudo. Mas foi um stress atrás do outro.

Você já pode dizer eu li na tela da Eulina.


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