quarta-feira, 5 de outubro de 2022

       

                                                         INCLUSÃO SOCIAL


Estive pensando… na ilha caribenha de St. Vincent, onde voluntariei por mais de seis meses, quase não havia brancos, não notei nenhuma grande diferença entre ricos e pobres, não vi mendigos, nem descendentes de ingleses colonizadores. Pensando bem, não havia exclusão social. Quase toda a população tem onde morar, tem trabalho suficiente para se sustentar, as crianças vão à escola, o sistema de saúde é precário, mas atende a todos… segundo minhas observações, não há socialmente excluídos. Talvez seja por isso que a Richmond Vale Academy, onde estudei e prestei serviços, não tem inclusão social entre suas matérias curriculares.

Já em Moçambique e aqui, na África do Sul, vejo brancos ricos e negros subalternos. Alguns (poucos) mendigos,  desempregados, crianças soltas pelas ruas. Os negros precisam realmente de programas e projetos de inclusão social. Fica explicada a presença e a ênfase dada à essa matéria nos dois projetos que estou conhecendo agora. Durante a minha permanência aqui no Daktari, temos quatro meninas que vão ficar por uma semana. Vieram de uma escola das redondezas. Tem por volta de doze ou treze anos.

Feita essa observação, noto muitas semelhanças entre o Daktari e a Richmond Vale Academy: ambos são administrados por um casal. Lá de dinamarqueses e cá, de franceses. Aqui, contam com  o apoio da Fundação Brigitte Bardot e lá de um setor da ONU. Ambos, com regras rígidas. Todos os minutos do dia são ocupados. Todas as noites, após a janta, se prepara a "skedule" do dia seguinte. A língua comum é o inglês, mas como aqui tem muitos franceses, se fala o francês também.. Falam muito depressa para a minha pobre capacidade de entendimento. Então, eu não entendo quase nada, apenas uns fiapos de coisas… Mas sempre procuro saber com certeza onde, quando e como devo me apresentar para a próxima tarefa. Aí, na hora da tarefa, eu peço pra falarem devagar, para que eu entenda o que devo fazer. Dá certo. Deu certo no Caribe e aqui também.

Mas, tanto lá como aqui, eu discordo da abordagem, da forma como as coisas são colocadas. Acho os europeus arrogantes e exultei quando, as meninas ao executarem a tarefa de desenhar em uma folha A4, o passado, o presente e o futuro, todas desenharam uma universidade nas etapas do futuro. Uma queria ser bióloga, outra, professora e as outras duas ainda não sabiam, qual o curso, mas queriam ir para a universidade. Nenhuma quis as profissões em que poderiam ganhar gorjetas.

Você já pode dizer eu li na tela da Eulina.


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