quinta-feira, 29 de agosto de 2019




            PAMPLONA

          Existem  cidades frenéticas. Eu moro em uma delas. Onde tudo acontece ao mesmo tempo e o tempo corre. Outras são letárgicas, onde nada acontece e o tempo não passa. Pamplona tem o tempo certo. Tem os horários malucos da Espanha, mas sem os extremos. Na medida da vida que flui.
          De manhã cedo, por volta de 7h, vários cafés estavam abertos e cheios de gente. Entrei em um deles é entorno tomava café, observei um grupo animado de mulheres e homens na mesa ao lado, mais ou menos umas 10 pessoas, às vezes mais, as vezes menos, conversando, dando risadas lendo e comentando as notícias do dia (havia jornais em cima das mesas) e lendo alto o horóscopo de cada um. Davam muitas risadas. Até que ás 7,30h, todos se levantam desejam bom trabalho e se despedem "hasta mañana". Depois andei pela cidade e vi que em vários cafés ocorria o mesmo. Os amigos se encontam  antes do trabalho, confraternizam no "desayuno" antes do trabalho. Depois os cafés fecham. Às nove está tudo fechado.
            A cidade é silenciosa, o trànsito flui sem lentidão e sem barulho. Poucas pessoas na rua . Tudo fechado. Chego a pensar que é feriado. Poucos carros poucos pedestres, lojas fechadas. Passeio tranquila. Às 11h quero almoçar, já que vou tomar o ônibus para Logroño às 3h. Nenhum restaurante aberto. Tive que me contentar com um "pintxo"! Que pode ser um pequeno sanduíche, uma salada, um petisco... Tudo só abre às 14h. As lojas inclusive. Que coisa!
              Um dia antes, já tinha me espantado com a calmaria na cidade, mas depois, da sete, as ruas se enchem de gente. As famílias saem, lotam as praças, as crianças brincam nas ruas, enquanto os padres/madres, abuelos/abuelas  conversam nos bancos. Eu me sentei em um banco e ao meu lado havia um velhinho lendo "Vida y mureta de La República Española"! E ele nem tinha cara de intelectual!
               Ruas estreitas, vem em minha direção, uma menininha bem pretinha, bem lindinha com cabelos de trancinhas espetadas, eu sorrio pra ela. Ela põe uma grande língua cor de rosa pra mim. Dou risada, e também ponho a língua pra ela. Ela faz careta, eu também faço. Ela vai embora com a cara enfezada. Eu fico rindo.

                Às 8h, sol brilhando. Na Plaza Del Castillo, tem um coreto com uma banda. A banda toca e as famílias dançam. Fazem uma grande roda, deixam suas bolsas, sacolas, casacos empilhados no meio da roda e dançam todos juntos em roda, batem palmas, giram, pulam, levantam uma perna, a outra, todos sabem a coreografia! Muito lindo! Eu olho bem nos olhos das pessoas: estão brilhando!
                  Nessa hora, havia bem poucas pessoas com celular. Os jovens também dançavam. Não tinham tatuagens, piercings, cabelo azul! Eles dançavam na praça!
                  E ontem, não era festa de nada! Um dia comum. Povo feliz.

                   Você  já pode dizer eu li na tela da
                                                                    Eulina
     

Um comentário:

  1. Acabei de ler. Que bom que somos todos diferentes e que vc percebe isso só com olhar. Quero mais.

    ResponderExcluir